A arte e o que significa ser um artista sempre andaram juntos na história, evoluindo conforme a nossa sociedade se transforma. Antigamente, não faziam distinção entre um artista e um artesão; ambos eram vistos como pessoas habilidosas, capazes de criar desde sapatos até esculturas. Essa visão unificada mudou lá pelo século XVI, quando começaram a diferenciar os artistas, que produziam obras para as classes mais altas, dos artesãos, que faziam objetos para o dia a dia. Esse movimento criou uma espécie de divisão entre a “alta” arte e a arte “comum”.
Com o passar do tempo, essa separação só se aprofundou, especialmente com a introdução de conceitos como o de “gênio artístico” por Kant, que via a habilidade estética como algo inato, quase divino. Essa ideia colocou os artistas em um pedestal, separando ainda mais o “belo” do “prático”.
No século XX, a conversa em torno da arte e dos artistas começou a mudar novamente. Walter Benjamin, por exemplo, falava sobre a “aura” da obra de arte, algo que a tornava única. Mas ele também alertou sobre como a reprodução em massa e a tecnologia poderiam diluir essa aura, um debate que se mostra relevante até hoje, especialmente quando discutimos a relação entre o artista e sua obra em contextos éticos.
A questão é: podemos realmente separar um artista de sua arte? Para muitos, a obra de arte é uma extensão da subjetividade do artista, o que torna essa separação quase impossível. Essa visão coloca em cheque a idealização dos artistas como seres quase mitológicos, destacando a importância de considerarmos as nuances sociais, culturais e políticas que influenciam a arte.
Além disso, o século XX trouxe debates sobre a “essência” da arte e do artista, questionando se tais conceitos realmente existem. Isso abriu espaço para entender a arte e o artista de maneiras mais inclusivas e variadas, reconhecendo a importância da experiência pessoal na criação artística.
Em resumo, a arte e o que constitui um artista são conceitos que evoluíram e continuarão a evoluir. A ideia de um “gênio artístico” inato está sendo questionada, dando lugar a uma compreensão mais abrangente e inclusiva do que significa ser um artista.
