A arte contemporânea e a pessoa comum combinam?

Vamos falar a verdade: parece que a arte contemporânea e a pessoa comum estão em sintonias completamente diferentes, e sinceramente, é fácil entender o porquê. Para muitos que estão fora do círculo artístico, parece que a arte contemporânea não é feita para eles, e eu entendo o motivo dessa impressão. O mundo da arte moderna parece fazer de tudo para ser exclusivo, com o sistema de educação desempenhando um papel significativo em manter as coisas assim.

Mergulhando na arte contemporânea, encontramos uma mistura. Há artistas que se apegam a métodos tradicionais, como pintura e escultura, e então há a arte de novos meios, que inclui tudo desde arte sonora e luminosa até instalações interativas. Apesar de seu crescimento, esse tipo de arte muitas vezes luta contra uma visão elitista do que merece espaço em museus. Apesar de eu poder ser um pouco tendencioso, como alguém com um diploma em Design & Tecnologia, acredito que essa diversidade é o futuro da arte.

O que realmente confunde a maioria das pessoas, no entanto, é o conteúdo e o valor percebido da arte contemporânea. Pegue, por exemplo, a escultura invisível do artista italiano Salvatore Garau, que foi vendida por $18.000. Sim, uma obra de arte feita literalmente de nada, desafiando o público a usar sua imaginação. Para aqueles que não estão enraizados no mundo da arte, isso pode parecer absurdo, especialmente dado o preço. A arte conceitual, que existe desde o século XX, sempre foi difícil de vender para o público geral devido à sua natureza abstrata.

Depois, há o mercado de arte, que muitos criticaram por se tornar um refúgio para a lavagem de dinheiro, com milhões sendo transferidos através de vendas e doações de arte com mínima supervisão. Isso, juntamente com o surgimento de obras de arte digitais como NFTs sendo vendidas por valores exorbitantes, reforça a ideia de que a arte está se tornando um passatempo para a elite rica, descolada de seu propósito e significado originais.

Mas por que existe tal desconexão? A arte, por sua própria natureza, nunca foi projetada com o público geral em mente. O espectador da arte é imaginado como alguém específico, não qualquer um. Essa exclusividade levanta questões sobre se a arte deveria ser mais acessível e o que isso significaria para seu valor, tanto monetário quanto artístico.

A questão também remete a como a arte é ensinada. A educação atual muitas vezes falha em conectar a história da arte aos seus contextos socio-políticos e econômicos mais amplos, deixando muitos com uma visão limitada da arte focada na habilidade técnica e estilos históricos. Essa falta de compreensão se estende à arte moderna, refletindo as rápidas mudanças sociais do século XX, que muitos acham desafiador compreender sem um conhecimento mais profundo do contexto.

Há um argumento a ser feito para uma abordagem mais inclusiva da arte, indo além do atual modelo que parece atender a poucos selecionados. A arte abstrata, apesar de suas complexidades, oferece a chance de reflexão e conexão mais profundas, algo que podemos estar perdendo em nosso mundo acelerado e superficial.

No fim, a relação da arte contemporânea com o público é complicada. Artistas e instituições precisam encontrar melhores maneiras de envolver a pessoa comum, e o público poderia se beneficiar de estar mais aberto à linguagem evolutiva da arte. Afinal, a arte tem um papel vital na sociedade, e entender uns aos outros pode ser mais importante agora do que nunca.


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